– Cê non
respeita a pulíça, seu corno-safado!... já ouviu que tá preso, intão tá preso!
Antes que o brigão se aprumasse, Pedro já o levantava acima de sua cabeça e o
arremessava sobre as raízes expostas de um benjaminzeiro, como se fosse um saco
cheio de macaxeira. Um baque surdo foi seguido por um forte gemido do valentão
que das bazófias passou aos lamentos. Com os olhos mortiços em confusão de
estrelas triplicadas no céu, entre ais e dores nas costas, apavorava-se, pedia
clemência e entregava os pulsos às algemas.
Wyatt Earp
impassível, olhos gélidos, fitava o prisioneiro sentado no chão, quieto,
ladeado por dois guardas da força policial que acorreram ao local da confusão.
Uma viatura levaria o valentão para curtir a bebedeira atrás das grades. A
novena terminara, dispersavam-se os devotos e a paz fora restaurada no arraial
ao redor da casa de Dona Zenóbia, onde se guardava a imagem de Nossa Senhora.
Em seu íntimo Edgar aplaudia com orgulho a atuação de tio Aluísio e de Pedro, o
ajudante de improviso, como respeitados homens da lei. Em Los Angeles,
Tombstone ou qualquer quadrante estivesse, o espírito do famoso delegado
testemunhava satisfeito o destemor de seu sósia belenense.
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