Novembro termina e este blog segue devagar como um rio de fraca correnteza. Tenho alguns vídeos para postar, mas ainda estão incompletos, em rascunho. Para fechar o mês, decidi pela postagem de uma pequena crônica que escrevi e publico na tentativa de distrair vocês. Um abraço a todos.
Caiu a ficha
Ainda ouço, se bem que não tão usual agora, a exclamação: ”Meu Deus, caiu a ficha”, porque se há pouco tempo era corriqueira, hoje está defasada. Caiu a ficha diz-se do momento em que alguém consegue atinar com a evidência de um fato, com o óbvio, com uma verdade vindo à tona.
Da juventude atual, poucos irão lembrar-se da utilidade dos orelhões e das fichas enfiadas em seus cofres para se conseguir um sinal de ligação telefônica. Sinal que se ouvia depois da queda da ficha. Isso agora é passado, recente, mas já passou. Menino de hoje, se encontrar em seu caminho um orelhão esquecido e teimosamente em pé no chão, vai perguntar: O que é isso? Claro, vai achar muito estranho aquele cascão grotesco, orelhão de animal pré-histórico usado pelos parentes mais velhos para falar com outra pessoa através de um fio. Algum adulto teria que explicar-lhe que nesse tempo ainda não existia o telefone celular, ou telemóvel como se fala em Portugal.
Ainda assim o menino não entenderia e se voltasse no tempo para ver o orelhão em uso, diria: Pra que todo esse aparato com uma fila de agoniados, todos com pressa para falar ao telefone, alguns conferindo no relógio de pulso o tempo da espera, xingando, reclamando da péssima oferta de um serviço público essencial? Por que não usam um celular, muito mais cômodo e prático?
Na verdade esse tempo já se foi, mas a expressão caiu a ficha pode ainda valer hoje se referir-se à ficha que cai e abre a gaveta da mesa de bilharito ou do pebolim comercial nos bares e botecos espalhados Brasil afora. Mas só quem conhece esses ambientes sabe disso.
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Este blog foi criado para entretenimento dos amantes da
poesia e da música, principalmente da música popular brasileira. O manancial
que o alimenta é enorme e essa imensidão pode muito bem ser comparada ao
tamanho do nosso país com suas regiões delimitadas. Entende-se que por esse
motivo a música brasileira é diversificada em seus ritmos porque cada região
tem suas peculiaridades. Daí temos, por exemplo, no norte o Carimbó, no
nordeste o Forró de Pé de Serra e o Samba finca com mais força suas raízes no
Rio de Janeiro. Todos esses ritmos, com seu variado instrumental e melodias,
porém, não conhecem fronteiras. Ultrapassam seu espaço geográfico e espalham-se
pelo Brasil em sua totalidade.
Reportemo-nos agora aos dias de hoje em que muitos falam da escassez
da qualidade de nossa música, quase todos afirmando que tempos atrás era bem melhor,
as décadas de antes foram mais ricas, mais belas e criativas, mais generosas em
música popular ao gosto de todos. Neste entendimento, hoje, a garimpagem à procura
de novas músicas de qualidade é mais árdua, cansativa e desestimulante. Então concluímos,
nossa reserva musical é grande, mas, de tempos passados.
Voltamos algumas décadas e paramos no tempo dos anos
dourados, da jovem-guarda, das versões em português das mais famosas canções estrangeiras
e do surgimento de artistas inovadores, Jorge Ben, Tim Maia, Chico Buarque, Ney Matogrosso, entre
outros. Pelo meio dessa década, 1965, estourava em todo o Brasil “Trem Das Onze” composição do já conhecido
Adoniran Barbosa, natural de São Paulo, em contrapartida aos melhores talentos cariocas.
O compositor da famosa música Saudosa Maloca chegava para dizer que o samba não
era exclusividade do Rio de Janeiro. No fim dessa década, no âmbito interno do
Banco do Brasil circulava a Revista Desed, que em um de seus números publicou
um artigo sobre a obra de João Rubinato, conhecido compositor que usava o nome
artístico Adoniran Barbosa. Certamente que todos os números dessa revista devem
fazer parte do acervo da Fundação Cultural Banco do Brasil. Um abraço a todos.
Olá, amigos e amigas visitantes. Nossas homenagens hoje são direcionadas à memória do maestro Wilson Fonseca pela bela composição intitulada Um Poema de Amor. Música que ultrapassou fronteiras e tornou-se conhecida, lembrada e cantada por muitos, notadamente pelos santarenos nativos ou adotados. Uma forte motivação que nos impele a postar este vídeo que nos traz aos sentidos a magistral interpretação de Vicente e Agostinho Fonseca que seguem a estirpe de uma família berço de muitos talentos. Aos intérpretes nossos aplausos e a todos o nosso fraternal abraço.
O texto abaixo desta linha foi copiado do Facebook:
Música dedicada a José Agostinho da Fonseca Neto (Tinho), filho do compositor, no ano do nascimento do homenageado (1953).
Captação do vídeo: Neide Teles Sirotheau da Fonseca.
Intérpretes: Vicente José Malheiros da Fonseca (Piano solo) e José Agostinho da Fonseca Júnior (Piano acompanhante), na data do aniversário natalício do homenageado. Belém (PA), 21 de junho de 2020. Parabéns!