domingo, 1 de dezembro de 2013

Natal - Crônica - Luiz M F Maia



Natal

Ao chegar dezembro muitos de nós despertam da hipnose que nos fez passar onze meses em louca correria para manter na disputa nosso particular modo de viver e sob controle nosso exclusivo padrão de agir, em persistentes tentativas de superação de obstáculos. Ainda que não queiramos vêm-nos em estalos de memória as pendências dos projetos que mentalmente esboçamos para o ano que se finda. Bem ou mal tentamos alinhar nosso calendário singularmente pessoal ao do mundo circunvizinho. De qualquer modo, assim se passaram onze meses em dia a dia de amalucadas tarefas no meio de viventes iguais a nós, descartadas raríssimas exceções a exemplo dos náufragos solitários ou de astronautas esquecidos em planetas desertos.
Nem tudo foram espinhos. Não só percalços, também delícias. Lembremos alguns divertimentos pelo meio, ainda que alguns se digam insatisfeitos ou no tempo todo prejudicados. Talvez nem tanto, quiçá sejam estes escassos de senso de humor.
Dezembro chega alardeado pela mídia a nos acordar para o desenlace de mais um ano, a nos trazer à percepção os primeiros ensaios das festas, aos nossos ouvidos as músicas natalinas e aos nossos olhos os brilhosos e multicolores ornatos, no verde vivo do pinheiro e no preponderante vermelho do traje de Papai Noel, em remates do branco a lembrar-nos a neve aos montões no hemisfério norte. Em todos os cantos do globo, porém, chega o risonho e simpático velhinho para novamente nos convidar às graças por tudo de bom que almejamos e conseguimos neste ano. Sobre o não conseguido não vale a pena chorar. Ao contrário, risos pelas amizades e bens conquistados, sobretudo os que nos tornaram pessoas melhores, que elevaram um tantinho mais nossos espíritos. Razão porque Papai Noel está sempre alegre, a nos incentivar à confraternização natalina, ao prazer dos reencontros e das emocionantes surpresas nas trocas de presentes; acima de tudo aos recíprocos votos de felicidade, saúde e paz. O que realmente é valioso para todos nós.
Papai Noel em seu retrato peculiar, tão conhecido de todos e carinhosamente querido pelas crianças, cumpre fielmente seu ofício de emissário do Deus-Menino. De outro modo nunca seria, eis que é um particular mensageiro do Príncipe da Paz, a nos convidar à renovação do Espírito do Natal, a divina luz de todo o entendimento humano contido em uma criança, em pureza e em sua brandura a espargir-se, a refrear as rebeldias e as insatisfações dos insipientes e impor ao recuo as hordas beligerantes.
Despertamos mais uma vez para um novo Natal a nos propor o perdão das injúrias sofridas e nos permitir a novas promessas de amor; a dar mais ânimo às nossas esperanças de realizarmos novos anseios. Vivamos o Natal em fé revigorada pelo espírito de uma criança, Deus-Menino a nos trazer novo alento.

(Texto copiado de "Tempos De Círios E Outros Tempos", publicação digital de amazon.com.br).  

Nenhum comentário:

Postar um comentário